sábado, 9 de julho de 2011

Carta de Isaac Asimov aos Futuros Leitores de uma Nova Biblioteca



16 de março de 1971

Caros Meninos e Meninas,

Parabéns pela nova biblioteca, porque não é apenas uma biblioteca. É uma espaçonave que os levará aos mais distantes confins do Universo, uma máquina do tempo que os levará ao passado longínquo e o futuro a perder de vista, um professor que sabe mais do que qualquer ser humano, um amigo que os divertirá e os consolará – e, acima de tudo, um portal para uma vida melhor, mais feliz e mais útil.

Isaac Asimov

É uma das 97 cartas enviadas por personalidades às crianças na abertura da nova biblioteca de Tory, Michigan, EUA, em 1971 por uma iniciativa de Marguerite Hart, que simplesmente escreveu às figuras famosas pedindo que dirigissem palavras de incentivo aos leitores.

Quatro décadas depois, a mesma biblioteca, como muitas, enfrenta dificuldades e pode ser fechada.




via 100nexos

domingo, 12 de junho de 2011

O Incidente Vela

 
 
Há 31 anos, duas explosões de grande intensidade foram detectadas no Atlântico, e até hoje não sabemos ao certo a sua origem.

Em 22 de setembro de 1979, um satélite de vigilância dos EUA, o Vela 6911 - detectou dois clarões de alta intensidade no Atlântico Sul, entre a África e a Antártida. A leitura dos sensores ópticos do satélite não foram muito claras, mas pode ser determinado que a energia necessária para gerar algo dessa magnitude estava dentro da faixa de 2 a 3 quilotons.
Especialistas acreditam que possa ter sido um teste nuclear clandestino de Israel ou da África do Sul ou um evento similar ao que devastou Tunguska há 100 anos atrás. O que foi que causou o incidente Vela?
Os Estados Unidos lançou o Projeto Vela para monitorar os testes nucleares que ocorriam na superfície ou na atmosfera do nosso planeta. 
Em 1963, o Tratado sobre Ensaios de Explosões Nucleares (Partial Test-Ban Treaty) foi assinado por 130 países e proíbia todas as explosões nucleares, exceto as subterrâneas, para evitar as precipitações radioativas. Desenvolvido pelo DARPA (Defense Advanced Research Projects Agency) e supervisionado pela força aérea do país, o Projeto Vela se apoiava em três pilares: Vela Uniform, que detectaria explosões nucleares subterrâneas através dos eventos sísmicos relacionados; Vela Sierra, vários satélites destinados a detectar sinais de explosões nucleares na atmosfera, e Vela Hotel, outros satélites projetados para detectar sinais nucleares vindos do espaço.
A princípio, o programa devia funcionar por poucos anos, mas a robustez dos Vela, projetados para trabalhar por 6 meses, fêz com que fosse prorrogado por 26 anos.
Havia 12 satélites no total, seis do tipo Vela Hotel e seis do Vela Sierra, e giravam em órbitas situadas entre 100 mil e 113 mil quilômetros de altura, acima dos cinturões de Van Allen. Foram equipados com 12 detectores externos de raios-X e 18 detectores internos de nêutrons e raios gama, que funcionavam através da energia fornecida pelos painéis solares. Também tinham dois sensores especiais capazes de detectar ondas com duração menor do que o milissegundo, necessários porque as explosões nucleares atmosféricas, que eventualmente teriam que informar, produzem um único sinal de curta duração.

Dois e três quilotons

Na verdade, uma explosão deste tipo emite um clarão que dura cerca de 1 milissegundo, seguido por uma segunda luz mais prolongada, porém menos intensa, com duração de poucos segundos. Isto ocorre porque o primeiro clarão é alcançado rapidamente pela onda de choque atmosférica, composta de gás ionizado, que, ainda emite bastante luz, porém, rapidamente se torna opaco e esconde a explosão.
Não há fenômeno natural conhecido que possa produzir esse efeito, e os Vela não tiveram problemas em detectar estas explosões.
Em 22 de setembro de 1979, após informar com sucesso 41 explosões nucleares correspondentes a testes realizados pelas superpotências da época, o satélite Vela 6911 registrou com seus sensores ópticos dois estranhos clarões.
Embora tivesse as características habituais das explosões nucleares na atmosfera, havia ocorrido em uma região do mundo, o Atlântico Sul, entre a África e Antártica (47º S, 40° E) - em que não se esperava detectar algo assim.
A potência estimada das explosões foi entre 2 e 3 quilotons, 10 a 20 vezes menor que a da bomba de Hiroshima. A imprensa rapidamente chamou estes clarões de "Incidente Vela". Os serviços de inteligência começaram a trabalhar, e foram consideradas duas hipóteses principais.
A primeira, a que foi atribuída uma maior probabilidade, é que estes clarões eram o resultado de duas detonações nucleares secretas pertencentes a Israel ou África do Sul.
A segunda, que um objeto do espaço exterior, possivelmente um cometa ou meteorito, detonou ao entrar na nossa atmosfera dando origem a algo similar ao "Evento Tunguska", mas sobre o mar.

África do Sul sob suspeita

Enquanto a mídia rapidamente se esqueceu do incidente, as agências de inteligência a todo o custo queriam saber o que tinha acontecido, e seguiam todas as pistas.
Naquela época a África do Sul iniciou um programa para desenvolver armas nucleares, e quando o Vela 6911 captou os clarões, vários navios da marinha sul-africana realizavam manobras na área.
Quando tudo parecia indicar que este país era o responsável, Mordechai Vanunu, um técnico nuclear israelense, disse que seu país vinha desenvolvendo há 10 anos seu próprio programa nuclear no deserto de Negev, e tinha trabalhado em estreita colaboração com os sul-africanos.
Estas declarações fizeram com que muitos acreditassem que os dois países em conjunto, tinham realizado os testes.
No entanto, apesar de um primeiro relatório do governo dos Estados Unidos atribuir os clarões a uma explosão nuclear sul-africana, uma comissão especial composta por peritos designados pela Administração Carter, concluiu que "devido a ausência de radiação nas imediações do evento, não se podia ter certeza de que esta fosse a causa do fenômeno".

Radiação na Área

No meio da confusão, juntaram-se as vozes dos responsáveis pelo radiotelescópio de Arecibo ("nós encontramos uma ocorrência inusitada na ionosfera), do governo da Austrália ("Nós detectamos níveis anormais de radioatividade na área.") e dos cientistas responsáveis pelo projeto e supervisionamento dos Vela ("o satélite está funcionando corretamente, e sua confiabilidade é demonstrada quando detectou 41 testes nucleares.
O tempo passava, e parecia que jamais iríamos saber o que aconteceu.
Mas em Fevereiro de 1994, o comodoro Dieter Gerhardt, cujo currículo incluia atividades tão diversas como "espião soviético", "condenado" e "comandante da Base Naval de Simon Town na África do Sul", surpreendeu a todos por ter declarado publicamente que "apesar de não estar diretamente envolvido, posso dizer que o clarão foi o resultado de um teste nuclear de Israel e África do Sul, cujo nome código era Operação Fênix. Se esperava que não fosse detectado, mas o clima mudou e os americanos descobriram".
A reputação de Gerhardt não era das melhores, e o incidente continuou sem uma causa oficialmente reconhecida.
Três anos depois, em 1997, um jornal israelense citou o ex-ministro das Relações Exteriores da África do Sul que confirmou que o incidente Vela tinha sido um teste nuclear sul-africano. No entanto, as dúvidas cresceram novamente, logo após o ex-ministro afirmar que seus comentários tinham sido "tirados do contexto".
Ainda hoje muitos dos documentos relacionados com o incidente continuam "classificados" por parte dos governos, que pouco fazem para esclarecer o que aconteceu.
A hipótese que responsabiliza um objeto extraterrestre parece ter perdido força, especialmente depois de declarações feitas pelos australianos a respeito da presença de radiação na região.
É muito mais provável que tenha sido um teste nuclear clandestino ocorrido durante a Guerra Fria, embora ainda não saibamos ao certo. Dentro de alguns anos, quando serão liberados alguns dos documentos que permanecem secretos, talvez a verdade venha à tona.

Tradução: Carlos de Castro

via: Arquivos do Insólito

domingo, 8 de maio de 2011

A Fábula da Arca


Certo dia a divindade chamou o Rei do Céu e disse-lhe:

- Rei, não vou lhe dar maiores detalhes, mas seria bom eu você mandasse construir, dentro de um mês, uma grande arca. Bem grande.

Informado, o Rei voltou ao palácio e falou do que lhe dissera Deus a um amigo. Dele, ouviu que existia do outro lado das montanhas da capital um velho fabricante de arcas.

O velho foi chamado ao Salão Dourado e lá o Rei mandou que começasse a fazer uma arca tão grande quanto a vontade de Deus. O ancião, taciturno e silencioso, recebeu a ordem e foi embora para a sua tapera, onde já construíra as melhores arcas do Reino, ainda durante a vida do bisavô do soberano.

Um dos sábios que cercava e planejava o Reino do Monarca – que, como bom monarca, também era cercado por sábios – foi ao ouvido do monarca e argumentou:
- Majestade, se é a vontade de Deus, acho que seria temerário colocar todo o projeto da arca na dependência exclusiva do know-how do velho, cuja tecnologia, pelos últimos relatórios recebidos, parece obsoleta comparada com o que se faz nos paises que estudam o assunto, apesar de, como sabemos, não fabricarem arcas. Eu aconselharia o Reino a criar um grupo de trabalho para coordenar o Projarca, como poderíamos chamar o projeto.

O Rei não gostava de grupos de trabalho, pois sabia que eles dificilmente se agrupavam para trabalhar. Mas, tratando-se de assunto onde entrara a mão de Deus, concordou.
 Quinze dias depois, o ancião já tinha pronto o estoque de madeira com o qual ergueria a arca. Técnicos do Projarca, porém, duvidaram da qualidade do lenho e representaram aos sábios do Rei.
Houve um atrito entre o velho e um técnico. Os sábios preocupados com a ranhetice do ancião, foram ao Rei e solicitam a criação de uma subsidiária para pesquisar vegetais. Ela haveria de dizer, em pouco tempo, qual o tipo de árvore a ser usada.

Resolveu-se criar a Peskarca. Ela teria a vantagem adicional de operar no mercado, tornando-se lucrativa. Mas, como uma empresa de pesquisa não pode ficar subordinada a um grupo de trabalho, fechou-se o grupo de trabalho e fez-se uma superintendência chamada Superarca.

No vigésimo dia do prazo descobriu-se uma roubalheira gigantesca no fornecimento de equipamentos e venda de computadores à Superarca, que já tinha 12 mil funcionários. Como havia pressa, não foi aberto inquérito, mas criou-se uma gerência de controle, entregue a um probo servidor que passou a ter o título de Gerarca.

Este demitiu 2 mil funcionários, com ajuda dos 5 mil que contratara, e informou aos sábios que, entre os técnicos da Superarca, havia até republicanos. Estes foram devidamente processados, com exceção de uns poucos que desapareceram.

Passados 25 dias do encontro do Rei com Deus, a Peskarca já dera um lucro de dois milhões de estrelas, e a Superarca, graças à fábrica de bandeirinhas e à criação de pintos que mantinha nas granjas de apoio, rendera outros quatro.

O velho fabricante de arcas, esquecido, deixara de ir à capital, até que se descobriu que suas verbas tinham sido repassadas ao Departamento de Relações de Imagem – Imarca – encarregado de defender a imagem da Superarca em publicações neo-republicanas.

Foi o superintendente, que na época já era Vice-Rei de uma Companhia de Economia Misturada, a Comarca, e, depois de um diálogo áspero, onde foi acusado de pretender rejeitar o sistema Proarca, gerado pelos computadores para encaminhar o fluxograma, acabou demitido.

O Rei soube da dispensa do velho no trigésimo dia do prazo, quando foi chamado por Deus.
- E a arca? – perguntou a divindade.
- O senhor precisa me dar mais 15 dias. Está tudo pronto. Temos 25 mil funcionários trabalhando dia e noite no projeto. Ainda não começamos a montagem, mas, em compensação, graças à versatilidade de nossos técnicos e de meus sábios, já ganhamos mais de 50 milhões de estrelas aproveitando os resultados marginais do projeto.
- O senhor tem mais 15 dias. Pode voltar. Mas cuide para ter sua arca no prazo.
- De volta ao palácio, o Rei reuniu os sábios e determinou que a Comarca apressasse seu trabalho. Para isso, foi instituído um grupo de trabalho interministerial.

Trabalhou-se dia e noite e, passados 10 dias, a quilha estava montada. No 12º, surgiu o perfil da proa. No 13º, a popa, no 14º, o chefe dos sábios, numa cerimônia fartamente ilustrada pela Gazeta da Coroa, pregou a primeira tábua da arca propriamente dita.

Na manhã seguinte, o Rei soube que precisaria mais 10 dias com Deus. Irritou-se, tirou duas das três carruagens dos sábios e proibiu-os de usar mais de 32 vestes nas festas de cerimônia.
Ao alvorecer, Sua Majestade já estava à porta de Deus, à procura de mais um adiamento. Foi recebido por um santo que trouxe a má notícia.
- Não haverá adiamento. Deus já lhe deu prorrogação e, afinal de contas, quando mandou que fizesse a arca, já estava sendo benevolente.

Descendo o caminho de seu Reino, o monarca começou a sentir uma chuva fininha que caía.

Três dias depois continuava chovendo. O grande Salão Dourado estava inundado, como, aliás, todo o país. A Corte, reunida, tinha água pela cintura.

Um dos sábios, mais esperto, viu que surgia no horizonte uma pequena mancha. Era um barco, um grande barco, uma arca.
 - Mandem parar aquela arca. De que é aquela arca?
- Não adianta. É do velho Noé, aquele que trabalhava para meu bisavô. Ele não vai parar – previu o Rei.

E Noé, que em sua arca só levava bichos, foi em frente.


Documento extraído de uma apostila de curso de Administração de Empresas.

domingo, 10 de abril de 2011

Uma Bala Lenta e Certeira


Henry Ziegland, de Honey Grove, Texas, abusou sexualmente de sua namorada num dia de 1893. O irmão da moça cumpriu seu dever "de honra" e atirou contra ele. No entanto, Ziegland foi apenas levemente ferido pela bala, que lhe deixou uma pequena cicatriz no rosto, antes de se alojar no tronco da árvore diante da qual ele estava. O irmão da moça, dando-se por vingado, deu fim à própria vida com a mesma arma.
Vinte anos depois, em 1913, Ziegland decidiu remover tal árvore. Incapaz de fazê-lo manualmente, resolveu usar dinamite. Na explosão, a bala disparada contra Ziegland desprendeu-se com tanta força da árvore que lhe atingiu violentamente a cabeça, matando-o, afinal.

retirado de: 
"O Livro dos Fenômenos Estranhos"
de Charles Berlitz

segunda-feira, 21 de março de 2011

Construa sua própria arma laser!

Me deparei com este vídeo no Youtube que mostra como construir uma arma laser de verdade usando um leitor de DVD.


Vou fazer um para mim, com certeza!

Mas tome cuidado de não apontar para ninguém pois, como você poderão ver no vídeo, embora fácil de fazer o aparelho é perigoso. Você pode acabar queimando a sua retina!

Se quiser pode ver o passo a passo aqui.

domingo, 20 de março de 2011

O Homem Cuja Vida Era Inexplicável

Havia uma vez um homem chamado Mojud. Vivia numa cidade onde obtivera um emprego como pequeno funcionário, e tudo parecia indicar que terminaria sua vida como Inspetor de Pesos e Medidas.
Certo dia quando caminhava ao longo dos jardins de um antigo edifício próximo à sua casa, Khidr, o misterioso Guia dos Sufis, surgiu diante dele, vestido de um verde luminoso. Então Khidr disse:
- Homem de brilhantes perspectivas! Deixe seu trabalho e se encontre comigo na margem do rio dentro de três dias. - Dito isso, desapareceu.
Excitado, Mojud procurou seu chefe e lhe disse que ia partir. E todos na cidade logo souberam do fato e comentaram:
- Pobre Mojud! Deve ter ficado louco.
Mas como havia muitos candidatos ao posto vago, logo se esqueceram de Mojud. No dia marcado, Mojud encontrou Khidr, que lhe disse:
- Rasgue suas roupas e se lance no rio, talvez alguém o salve.
Mojud obedeceu, embora se perguntasse se não estaria louco .
Já que sabia nadar, não se afogou, mas ficou boiando à deriva um longo trecho da corrente antes que um pescador o recolhesse em seu bote, dizendo:
- Homem insensato! A corrente aqui é forte. Que está tentando fazer?
- Na verdade eu não sei - respondeu Mojud.
- Vejo que perdeu a razão, mas o levarei à minha cabana de juncos junto ao rio e aí veremos o que se pode fazer por você - disse o pescador.
Quando o pescador descobriu que Mojud era bem instruído, passou a aprender com ele a ler e escrever. Em troca, Mojud recebeu alojamento e comida e ajudou o pescador em seu trabalho diário.
Transcorridos uns poucos meses, Khidr apareceu novamente, desta vez ao pé do leito de Mojud, e disse:
- Levante-se e deixe a cabana deste pescador. Será provido do necessário.
Vestido como um pescador, Mojud deixou imediatamente a humilde cabana e perambulou sem rumo certo até alcançar uma estrada.
Ao romper da aurora, viu um granjeiro montado num burro, a caminho do mercado.
- Procura trabalho? - perguntou o agricultor. - Estou precisando de um homem que me ajude a trazer algumas compras da cidade.
Mojud o acompanhou então. Trabalhou para o granjeiro durante quase dois anos, ao fim dos quais aprendeu muita coisa, mas somente sobre agricultura.
Uma tarde quando estava ensacando lã, Khidr fez nova aparição e lhe disse:
- Deixe esse trabalho, dirija-se à cidade de Mosul, e empregue suas economias para se converter em mercador de peles.
Mojud obedeceu.
Em Mosul tornou-se logo conhecido como um negociante de peles, sem voltar a ver Khidr durante os três anos em que exerceu seu novo ofício. Tinha reunido uma considerável quantia e estava pensando em comprar uma casa, quando Khidr lhe apareceu e disse:
- Dê-me seu dinheiro, afaste-se desta cidade rumo à distante Samarkand e lá passe a trabalhar para um merceeiro.
Foi o que Mojud fez. E logo começou a demonstrar indícios indubitáveis de iluminação. Curava os enfermos, servia a seu próximo no armazém e nas horas de lazer, e seu conhecimento dos mistérios da vida tomou-se cada vez mais profundo.
Sacerdotes, filósofos e outros o visitavam e indagavam:
- Com quem você estudou?
- É difícil dizer - respondia Mojud.
Seus discípulos perguntavam:
- Como iniciou sua carreira?
E ele retrucava:
- Como um pequeno funcionário.
- E deixou o emprego para dedicar-se à automortificação?
- Não, simplesmente abandonei a carreira.
Eles não o compreendiam.
Pessoas dele se acercavam, desejosas de escrever a história de sua vida.
- Que tem feito em sua vida? - indagavam.
- Em me atirei a um rio, fui salvo por um pescador com quem morei e trabalhei. Certa noite, abandonei a sua cabana de juncos. Depois, me converti num agricultor. Quando estava ensacando lã, larguei meu trabalho e me dirigi para Mosul, onde me tornei mercador de peles. Economizei algum dinheiro ali, mas o doei. Então fui para Samarkand, passando a trabalhar para um merceeiro. E aqui estou agora.
- Mas esse comportamento inexplicável não esclarece de modo algum seus estranhos dons e exemplos edificantes - observaram os biógrafos.
- Assim é - disse Mojud.
E foi assim que os biógrafos teceram em torno da figura de Mojud uma história maravilhosa e excitante. Porque todos os santos afinal devem ter sua história, e esta deve estar de acordo com a curiosidade do ouvinte, não com as realidades da vida.
E a ninguém é permitido falar de Khidr diretamente. É por isso que esta história não é verídica. É uma representação de uma vida. A vida real de um dos maiores sufis.

O Homem Cuja Vida Era Inexplicável

O Xeque Ali Farmadhi (falecido em 1078) reputava importante este conto para exemplificar a crença sufi de que o 'mundo invisível' está todo o tempo, em vários lugares, interpenetrando a realidade comum.
Coisas - diz ele - que encaramos como inexplicáveis são, de fato, devidas a tal intervenção. E mais, as pessoas não reconhecem a participação desse 'mundo' no seu, por acreditarem conhecer a causa real dos acontecimentos. Mas não a conhecem. Somente quando advertem a possibilidade de outra dimensão que atua às vezes sobre as experiências comuns, é que tal dimensão pode tornar-se acessível a elas.
O Xeque é o décimo Xeque e Mestre instrutor da Ordem dos Khwajagan ('mestres'), conhecida depois como o Caminho Naqshbandi.

A presente versão é do manuscrito do século XVII de Lala Anwar, Hikayat-i-Abdalan ('Histórias dos Transformados').
Extraído de 'Histórias dos Dervixes'
Idries Shah
Nova Fronteira, 1976

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Remake de Perdidos no Espaço #FAIL

Em 2003, na mesma época da produção da mini-série de Battlestar Galactica, foi gravado o piloto para um remake da clássica série Perdidos no Espaço.
Ao que parece a emissora não aprovou o piloto e o episódio ficou inédito...

Descobri então o episódio no Youtube dividido em 5 partes.

Quem quiser assistir por curiosidade - ou simplesmente pra falar mal - estão aí os vídeos:

http://www.youtube.com/watch?v=VAT4tjjzOCk

http://www.youtube.com/watch?v=tTrUejIXYiM

http://www.youtube.com/watch?v=NgnJGk_UZ6Q

http://www.youtube.com/watch?v=3kN-FI4f0wc

http://www.youtube.com/watch?v=-AksT1IgNz0

Curiosidades:
- Adrianne Palicki, a Judy, foi escolhida recentemente para ser a Mulher-Maravilha em nova série para a TV (que, pelo que eu andei lendo, vai ser uma porcaria);
- No episódio 4 dá pra notar os efeitos não finalizados nos cabos q seguram o Will na cena do corredor;
- O piloto foi dirigido por John Woo (!!!).